quinta-feira, 9 de junho de 2011

Coloane

É um daqueles sítios que por mais vezes que se visite não perde o encanto da primeira vez.
Aqui vive-se devagar longe da confusão de Macau.

Não há casinos nem prédios.
Já houve piratas, mas depois chegaram os portugueses. Na verdade não deve ter mudado grande coisa para os locais.


Há passarinhos, ar puro e pasteis de nata.
Coloane é uma aldeia piscatória que fica a 30 min. do centro de Macau.
Já foi uma ilha, mas hoje está ligada à ilha da Taipa por uma estrada em aterro.



Estranhamente nunca tem muitos turistas a não ser em festividades locais.
Coloane parou no tempo.
Não tem hoteis e o único condomínio que ali construiram está abandonado.

Para passear, para fugir, para respirar ou para viajar a um Macau passado.


domingo, 15 de maio de 2011

Praia de Hac-Sá

Hac-Sá significa areia preta.
Fica na Ilha de Coloane, a cerca de meia hora de Macau.


É uma lufada de ar fresco nos dias poluídos desta cidade.
Tem churrascos públicos no meio do pinhal, uma piscina pública, dois restaurantes e tendinhas a vender bóias e petiscos.


Praia em Macau? dizem vocês. Pois foi nesse espírito incrédulo que lá fui pela primeira vez.
Estava imenso calor, a praia vazia e nós sem fato de banho...

Fomos a uma tendinha tentar comprar qualquer coisa que nos permitisse tomar uma banhoca, já que a água estava tão apetecível.
Para homem é fácil, apesar dos números pequenos havia muita variedade de calções. Para mim é que a coisa complicou.

Veio lá de trás da banquinha uma velhota com uma caixa cheia de "biquinis" a insistir que eram "oleng" (bonitos).

Acabei dentro de água, é certo, mas com uma fatiota que parecia ter saído do século passado e dois números abaixo do meu.
A parte de baixo consistia num calção com uma saia rodada sobreposta, e a parte de cima era uma espécia de top com folhos no decote, tudo em lycra preta.


Mascarada de patinadora artística, lá fui eu à banhoca, numa água um pouco choca e com um fundo um pouco lodoso, mas limpa (pelo menos à vista).

Até às 5 da tarde é um sossego. A praia está praticamente vazia, isto porque os chineses não apanham sol. Depois das 5, quando a praia fica sombreada pela cortina arborea do pinhal chega a invasão amarela.

Passeiam pela praia, trazem os cães, molham o pézinho, alguns até vão à água mas sempre vestidos de calção e t-shirt.

É a nossa deixa para ir comer uma sardinhada, um frango assada ou até leitão.
Não são tão bons como aí, mas dá para matar saudades.

Depois, todos salgados, à hora que os mosquitos chegam, apanhamos o autocarro de volta para casa.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Moinhos e coelhinhos


Um bocadinho atrasada, mas tal como prometido ficam aqui as imagens do fim de ano chinês.
A noite começou com fogo de artifício, mas a esta não é uma festa de copos e bailarico, mas sim uma festa religiosa onde tudo tem o seu significado.

Os moinhos são para mudar os ventos da sorte e só passeiam com eles a noite toda aqueles a quem o ano anterior correu mal.
Queimam-se papelinhos com desejos, incensos gigantes e panchões.

O templo estava tão cheio de fumo que chorei o tempo todo que lá estive dentro. Por momentos pareceu-me mais fácil ir de joelhos a Fátima. Havia gente com óculos de mergulho para conseguirem ter os olhos abertos no meio da fumarada (muito práticos, estes chineses).

No dia a seguir as ruas enchem-se de famílias a exibir a fatiota nova que vêm ver a dança do dragão e dos seus amigos leões.


Diz a tradição que aquilo que fazemos no primeiro dia do ano vai ser uma imagem do ano novo.
Eu tentei passar um dia feliz...


terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Kung hei fat choi!


Hoje começa o Nova Ano Lunar do Coelho.

Durante 3 dias queimam-se panchões e explodem-se petardos afastar os maus espíritos com o barulho e saudar os ano novo.

Queimam-se incensos, veneram-se os antepassados e os deuses, principalmente o Deus do Fogão.

A cidade enche-se de luz e cor.



O Deus do Fogão vive num nicho por de trás do fogão com a sua companheira. Quem não tem dinheiro para comprar as ditas figuras para pôr atrás do fogão, põe no seu lugar uma folha de papel vermelho com os nomes dos deuses escritos no respectivo nicho.

No dia de ano novo o homem da casa oferece um banquete ao Deus do Fogão para celebrar o seu regresso a casa, já que este tinha partido 7 dias antes para reunir com o Soberano do Céu e contar-lhe tudo o que viu naquela casa ao longo do ano. É comum oferecer ao Deus do Fogão mel para lhe adoçar a boca e bebidas alcoólicas para lhe entorpecer a mente e esperar que ele não repare nas nossas falhas, porque um mau report do ano trás o castigo do Soberano do Céu.




Também foi dia de distribuir Lai Sis. São envelopes vermelhos com uma pequena quantia em dinheiro (1 ou 2 euros) que se distribui por aqueles que nos prestam serviços, como os porteiros dos prédios. O princípio é o de primeiro dar para depois receber. A sorte bafeja aqueles que são generosos.

Ontem as ruas encheram-se de mobília velha. Também é tempo de mudança, tempo para deitar coisas velhas fora.

Também foi dia de cortar o cabelo. Os cabeleireiros dobram o preço dos cortes e mesmo assim ficam cheios.

Hoje, depois do fogo de artifício, começa a rumaria aos templos onde se farão as ofertas e as preces para o novo ano lunar.




Amanhã de manhã haverá pelas ruas a dança do Dragão Gigante e dos 18 Leões.

Entretanto fazem-se feiras onde se vende coelhos de peluche, insufláveis, em barretes, almofadas e em tudo o que se puder imaginar.






Esta noite também eu me vou juntar à procissão do templo da deusa Ha Ma e acender uns incensos por todos aqueles que trouxe no coração.

Se acredito? Não importa, uns minutos a desejar um bom ano do Coelho aqueles que amo só pode fazer bem.





Portem-se bem, o Deus do Fogão está sempre atento.

A todos um bom 4709, o ano do Coelho!

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Djô San

Que é como quem diz, bom dia!
Foi uma semana difícil, com muito trabalho e ainda em processo de instalação na casa nova.
E porquê? Porque esta semana chega o novo ano chinês. O ano do coelho vem aí e toda a gente quer os trabalhos prontos antes das festas.

As ruas enchem-se de tangerineiras, gladíolos e lirios.
Tudo com o seu significado. Uns para o amor, outros para o dinheiro outros para a saúde.
As portas dos estabelecimentos comerciais têm autocolantes com coelhinhos fofinhos, tipo Disney.
Os arbustos são podados em forma de coelho e as avenidas estão cheias de coelhos insufláveis cor de rosa.

Quarta feira à noite lá vou eu com os chineses até ao templo pedir favores aos deuses!
Até lá muito trabalhinho. E por isso poucas palavras.


quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Habemos casa!



É grande, é nova e fica no "bronx" (a zona mais pobre de Macau).
É um complexo de 5 torres com 47 andares cada e 5 fracções por piso.
Quer isto dizer que só no meu prédio tenho 225 apartamentos.
Fazendo uma média de 4 pessoas por apartamento, tenho 900 vizinhos só na minha torre, 4500 nas 5 torres.
É como se vivesse em Silves.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Uma busca febril


Imaginem que estão a jogar Pictonary e vos sai uma carta em que têm de descrever Paracetamol com gestos.
Pois foi o que me aconteceu na farmácia. Na tentativa frustrada de teatralizar uma amigdalite, tentei pedir directo os químicos. Não foi fácil.
De facto a língua é a maior barreira que se encontra neste país. Em determinados momentos é desesperante não nos conseguirmos fazer entender e quando estamos com 38,5º de febre é um deles.
Mas sobrevivi.

Não deixei no entanto de ir vendo casas apesar do estado febril, o que por vezes me deixou a pensar que estava a delirar.
O maior "delírio" de todos foi uma casa que parecia ter sido desenhada por Gaudi.

Não havia dois tipos de mosaicos ou azulejos iguais naquela casa. Havia uma sauna enfiada atrás de um duche de hidromassagem e a cozinha era uns espaço minúsculo, mas com um frigorífico americano de 2 portas, um fogão de 5 bocas, um esterilizador/secador de pratos, máquina de lavar loiça e mais uma catrefada de pequenos electrodomésticos.
O resultado disto é era não caber mais de uma pessoa de cada vez na cozinha.
Tinha ainda uma varanda minúscula onde acharam boa ideia pôr uma fonte em pedra onde um peixe deitava um repuxo pela boca.
Uma loucura, mas baratinha.

Vimos ainda casas onde o frigorífico ou/e a máquina de lavar roupa só cabia na sala.

Devemos ter visto umas 20 casas, a maior parte deles caras demais para o que ofereciam e quase todas velhas e sem obras.
Um dos problemas das casas velhas tem a ver com o facto do gás ser de bilha. Ora se eu não consigo comprar paracetamol, como é que compro gás? Levo a bilha às costas e mostro o que quero? Deve se encomendada pelo telefone, mas a minha experiência de pedir, por exemplo, um taxi também não correu bem. Como não percebem o que estamos a dizer, respondem logo que não há.

Conclusão, escolhemos uma casa nova e se tudo correr como esperado fazemos hoje o contrato, depois de termos feito "provas de sinceridade", ou seja, ter pago um adiantamento para que se pudesse continuar com as negociações e baixar um bocadinho o preço.

E é claro que tudo isto anda a ser feito em intervalos inventados de trabalhos urgentes.

Têm sido dias loucos. Chegámos à apenas 9 dias mas pareceu mais, muito mais.