quinta-feira, 18 de março de 2010

O verdadeiro fã está onde menos se espera

Neste caso, está na rua do Loreto ao Bairo Alto.
É uma pequena papelaria que dedicou a montra ao livro do Paul Auster "A noite do oráculo".
Para quem não leu, trata-se de um livro onde o protagonista tem uma espécie de obsessão pelos cadernos portugueses, particularmente os azuis.

Lá está a Nigella Lawson a cozinhar porcarias.

Who cnows, who kares?

quarta-feira, 10 de março de 2010

O sonho

Era meia noite e meia.
Não é que tivesse sono, mas depois de 2 ou 3 páginas daquele livro chatíssimo, o sono acabaria por chegar.
Lavou os dentes, e quando se olhou ao espelho pensou: - Caramba, António, não sei se és mais velho à noite ou de manhã!
Agarrou no livro. A capa era apelativa, a crítica do New York Times entusiasta e o resumo na contracapa prometia. Mas o certo é que já ia no segundo capitulo (a muito custo) e continuava sem grandes desenvolvimentos. Ia dar-lhe mais um ou dois capítulos de oportunidade e se não desenvolvesse voltava para a estante. Ia dar uma boa prenda de Natal.
Os olhos já lhe pesavam e António apagou a luz.

Que sitio era aquele? Não lhe era estranho. Era uma espécie de palacete e ao fundo do corredor estava um homem de fato e gravata. Muito bem vestido, por sinal.
Parecia impaciente e preocupado.
- Eu conheço-o! - disse
- É capaz. Ultimamente anda muito falado.
- Você é o Primeiro-Ministro!
- E você?
- António.
- Prazer. Agora tenho de ir. Tenho contas para fazer. Não imagina a quantidade delas. Não se ponha aí a abrir portas. Há salas que estão cheias de elefantes.
- É a época deles.- disse António. Devia ir para a Dinamarca.

Triiiiiiiimm.
7:30. Que sonho estranho.
Foi tomar banho e saiu para o escritório.

Nessa noite foi jantar a casa da Belinha. Se calhar ficava a dormir lá em casa. Estava moído e não lhe apetecia voltar para a outra ponta da cidade de barriga cheia.
- Esta noite sonhei com o Primeiro Ministro – contava António ao jantar.
- Credo homem, isso é um pesadelo.
- Foi estranho. O homem não parava de dizer que tinha de fazer contas. E depois parece que havia elefantes...
- Dormes cá? - perguntou a Belinha.
- Se não te importares....

Esta noite noite não tinha o livro chatíssimo para o embalar. Mas tinha a Belinha. O sono depois do sexo vem sempre melhor.

Um corredor imenso, cheio de portas. Já cá tinha estado ontem...
O Primeiro Ministro não estava á vista, mas conseguia ouvir-lhe a voz. Devia estar dentro de uma daquelas salas.
Tinha de ter cuidado... os elefantes!
De repente o Primeiro grita-lhe lá de dentro:
- Oh António! Venha cá ajudar-me nas contas. 3x2=6, 3x3=9, 3x4=12. Vá fazendo a dos 4. Já que aqui está, dá uma mãozinha...
- 4x1=4, 4x2=8, 4x4=16


- António. Acorda, amor. Olha que chegas tarde ao escritório


Nessa noite, António ficou a ver televisão até mais tarde. Não tinha sono.
Que diabo. Queres ver que agora passo as noites a sonhar com aquele tipo.... e com os elefantes.
Aquele filme tinha piada. - Porque diabo dão eles estas coisas tão tarde.


- Oh homem! Estava a ver que nunca mais aparecia! Estou à sua espera há horas.
- Desculpe. Não conseguia adormecer. Estava cá com uma espertina!